É preciso olhar a alimentação de forma plena.
É necessário que você observe sua alimentação para compreender completamente o que está consumindo.
Durante nossa evolução, adquirimos diversos atributos que irão se relacionar com a alimentação. No entanto, perdemos outros. Entretanto, a aleatoriedade evolutiva não promoveu um cuidado adequado com a alimentação. Somos muito mais atentos à visão do que aos outros sentidos. À medida que nos especializamos na visão, fomos perdendo grande parte de nossa capacidade olfativa durante o processo.
E assim, deixamos de comer com o nariz para comermos com os olhos. Por conta disso, usamos muito mais o sentido da visão do que os nossos amigos ancestrais para identificarmos alimentos.
Essa mudança de sentidos torna todo o processo de busca por alimentos completamente diferente entre os dois animais, e isso será de suma importância para compreendermos os problemas alimentares modernos.
Possuímos uma visão critica que nenhum animal tem.
Os macacos, devido ao olfato mais apurado do que a visão, tendem a confiar mais nesse sentido na busca por alimentos. Por outro lado, os seres humanos dependem muito mais da visão para localizar e reconhecer possíveis alimentos, o que nos leva literalmente a “comer com os olhos”.
A experiência dos primatas vai além do aspecto visual, envolvendo uma avaliação global mais precisa na hora de determinar se um alimento é adequado para consumo. Por não possuírem uma visão tão apurada nas cores e detalhes finos, eles precisam contar com outros sentidos, principalmente o olfato, para essa tarefa.
Durante nosso processo evolutivo, priorizamos muito mais o sentido da visão e, portanto, “vemos a comida com outros olhos”. Aprendemos desde nosso nascimento que olhar para as coisas é muito importante. Priorizamos nosso sentido da visão acima de qualquer outro. Olhar o alimento tornou-se quase uma dependência sensorial para avaliação subjetiva global na escolha dos alimentos.
Claro que não descarto a importância dos outros sentidos na busca pelo alimento. No entanto, devemos compreender que antes de cheirarmos qualquer comida, primeiro olhamos para ela. O olhar é, antes de tudo, um divisor de águas na escolha pelo alimento. Se a comida visualmente não é atraente, dificilmente avançaremos para a segunda etapa, que é o cheiro ou o tato.
O comer com atenção deve ser praticado.
Nesse processo de compreensão da priorização da busca alimentar, por razões óbvias, devemos excluir todas as pessoas que possuem algum problema no campo do sentido da visão. Estas pessoas, por uma limitação física, fazem uso de outros métodos para avaliar sensorialmente a primeira etapa da busca alimentar.
Se identificamos as coisas pela visão, podemos dizer que “comer é um ato visual” e, portanto, a indústria se utiliza dessa mesma percepção para tornar os alimentos extremamente “vistosos” à primeira vista. Alimentos os quais JAMAIS teriam essas cores se fôssemos fazê-los de forma caseira.
Os alimentos são arquitetonicamente feitos para nos proporcionar apreço visual. Estão tão arraigados em nossa sociedade que quando vemos a versão caseira, nos surpreendemos. Quem nunca tentou fazer uma versão caseira de geleia, sorvete ou picolé de morango e se deparou com uma cor estranhamente desagradável aos olhos?
Essa estranheza ocorre porque estamos tão acostumados ao produto industrializado que não lembramos mais da cor natural de sua versão caseira. O produto industrializado é projetado para ser atraente à primeira vista, de modo que você não questione sua irredutível segurança alimentar.
Para comer de forma adequada, é preciso focar o sentido da visão na comida. A experiência do comer deve atingir todos os sentidos sensoriais, é necessário sentir o alimento vendo-o. Comer de forma plena requer “ligar” todos os nossos sentidos para o alimento que está em nosso prato. É necessário que nos tornemos atentos ao que estamos comendo; portanto, comer com ATENÇÃO.
Comer com atenção exige prática e deve ser trabalhado diariamente, pois hoje em dia tudo nos faz perder propositalmente a atenção, principalmente quando estamos comendo. Focar no que estamos comendo exige esforço, o qual muitas vezes não queremos ter, e também não querem que façamos.
Mas como olhar a comida de forma plena se a nossa própria evolução diz o contrário?
Somos, por definição, animais desatentos e ao longo de nossa evolução, nos especializamos cada vez mais nisso. O que antes era um artifício poderoso para identificar futuros perigos, tornou-se nossa própria armadilha.
Ao longo de nossa história, o cérebro humano aumentou significativamente em volume e tamanho. No entanto, ainda mantemos vestígios de nossa ancestralidade nele, o que será importante para nossas escolhas alimentares. Dentro dele existe uma região muito antiga, que preserva resquícios de nosso passado evolutivo, conhecida como “o cérebro primitivo” ou “cérebro reptiliano”.
O cérebro primitivo é responsável por funções de luta e fuga, comportamentos instintivos básicos como raiva, medo, reprodução, sede e fome. É nesse último aspecto que o ser humano encontra um de seus principais desafios evolutivos. A forma como buscamos alimento deixou de ser puramente fisiológica e passou a ser um processo muito mais sociológico. No entanto, os processos envolvidos na busca por alimento e sobrevivência ainda são funções “primitivas” e, portanto, básicas pertencentes ao nosso cérebro reptiliano.
Dessa forma, uma das grandes funções do cérebro é a identificação de perigos e ameaças. Afinal de contas, se não identificássemos grandes ameaças, fatalmente não teríamos chegado onde chegamos.
Para isso, o cérebro utiliza um recurso de reforço de padrões, ou seja, com base em uma experiência passada, ele “imprime” essa experiência de modo a utilizá-la posteriormente, quando necessário. Dessa maneira, quando passarmos por situações análogas, poderemos entender facilmente o que está acontecendo e nos livrarmos dessa situação de maneira mais rápida. Compreender que o cérebro opera por padrões de impressão será de suma importância para entender como ocorrerão os problemas alimentares, sejam eles de origem psicológica ou fisiológica.
O nosso calcanhar de Aquiles na Alimentação humana.
O comportamento de reforço dos padrões, ao mesmo tempo em que é importante para lembrarmos de uma experiência ruim relacionada à alimentação, também reforçará padrões alimentares prejudiciais. Isso ocorre porque o cérebro apenas imprime um padrão comportamental; cabe a nós decidir se devemos ou não sair dele com base na criticidade do processo que estamos executando.
Na natureza, quem desperdiça energia fatalmente fica em desvantagem na loteria da evolução. Portanto, um comportamento típico de muitos animais, incluindo o ser humano, é buscar o mínimo esforço com o maior resultado, e na alimentação não será diferente. Utilizaremos esses padrões como determinantes importantíssimos em muitos casos de padrões alimentares em pessoas.
Nossa constante busca por padrões acrescenta outras problemáticas. Conforme mencionado, as experiências passadas são utilizadas para a reconfiguração de comportamentos futuros. No entanto, as experiências negativas têm um peso muito maior nessa equação. Isso ocorre porque as funções negativas representam perigos, sejam eles físicos ou mentais. Como somos especialistas em evitar perigos, nosso cérebro tenderá a priorizar as experiências negativas em vez das positivas.
Assim, a “reimpressão” de experiências negativas será priorizada do que a de experiências positivas. Esse reforço também ocorrerá nos padrões alimentares e portanto, tenderemos a replicar padrões alimentares, principalmente os negativos.
Os padrões cerebrais assemelham-se a algoritmos, e nosso comportamento tende necessariamente ao negativo. Para sair dessa programação, será necessária força de vontade.
O cérebro, como mecanismo de defesa, utiliza o conceito de antecipação de problemas futuros por meio de experiências passadas. Isso é chamado de redes de modo padrão. Essas redes são responsáveis por nos colocar em um modo “automático”, a fim de estarmos sempre “preparados” para um problema futuro. É por isso que ficamos cerca de quase 50% do nosso tempo acordados em modo DESATENTO.
E onde entra a alimentação?
Por conta de todos esses processos evolutivos, é na alimentação que mais estamos no modo automático, e atualmente é justamente nesse momento que precisamos de mais atenção. É precisamente no ato de olhar que direcionamos toda a nossa atenção. Quando desviamos nossos olhos da comida, voltamos nossa atenção para algo que nos desperta maior interesse, e assim entramos em modo automático em relação ao que estamos comendo.
Por que isso ocorre?
A visão do ser humano é extremamente precisa. Embora não possamos enxergar como as águias, que podem avistar uma presa a quilômetros de distância. Nossa percepção de cores e acuidade visual nos diferencia dos outros animais. A capacidade de perceber detalhes finos e reconhecer formas é notavelmente desenvolvida. Nossa atenção é substancialmente concentrada quando estamos olhando para um objeto. Isso serve como ponto de apoio primário quando pensamos em comer de forma atenta.
Ainda assim, se não concentrarmos em prestarmos atenção, boa parte do que olhando vira modo automático.
Ao não prestarmos atenção, as coisas passam despercebidas; se passam despercebidas, nem sabemos o que comemos ou como comemos e, ao fazermos isso, nosso cérebro interpreta como se não tivéssemos comido. Sendo assim, sentimos o desejo de comer novamente.
Além disso, em nossa sociedade, o que mais temos são mecanismos que nos fazem ficar desatentos. O que outrora nos protegeu de ameaças agora prova ser uma grande ameaça.
Praticamente temos todo um aparato tecnológico para nos auxiliar nesse processo. Desde aparelhos de televisão, celulares e aplicativos, passando por rotinas agitadas e possivelmente indesejadas, até horas de almoço reduzidas e trabalhos análogos à alienação ao capital.
Hoje, ficar atento quando se come é o início de uma alimentação saudável. Comer de forma atenta é um resgate de valores que precisamos fazer. Comer com atenção requer trabalho, esforço e organização. Minimamente, devemos parar para nós mesmos.
De vez em quando, é preciso parar!
Para comer de forma saudável, é preciso parar e necessariamente focar nossa atenção no prato. É preciso criar um “filtro” de distrações. Para que nosso cérebro não divague para outros momentos, sejam eles passados ou futuros. Para comer de forma adequada, é preciso viver o momento presente, e na refeição, o momento presente é o de saborear a comida.
Não entrar em modo “automático” quando estamos comendo é uma das melhores maneiras de começar a comer de forma saudável e evitar comer de forma transtornada.
Precisamos fazer do comer um evento para si. É uma das maneiras de começar a ver a alimentação como uma forma de autocuidado. Valorizando não apenas os nutrientes para a manutenção do corpo. É uma oportunidade de dedicar um momento de reflexão consigo mesmo e cultivar uma relação mais consciente com os alimentos.
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